sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A Rede - III

Elisabete se preparava para beber o primeiro gole de expresso quando a campainha de seu apartamento tocou. Como não esperava visitas assumiu que Dona Marta, a vizinha idosa do 203, necessitava de ajuda. Ficou surpresa ao abrir a porta e se deparar com um homem alto, de barba mal feita e cabelo castanho com tons de grisalho. Assumiu ser um visitante perdido já que nunca encontrou este homem no prédio antes.

- Senhora Meier? Elisabete Meier?
- Sim. Quem é você?

O homem mostrou brevemente um distintivo. Lisa não teve tempo de ler o que estava escrito e nem teve tempo de reagir quando o homem entrou em seu apartamento; como se o distintivo fosse um tíquete.

- Expresso? - perguntou ele ao notar a xícara de Elisabete sobre a bancada da cozinha.

O homem não aguardou resposta ou autorização. Dirigiu-se à xícara de expresso e em um gole sorveu o precioso café de Elisabete. Esta atitude grosseira acabou por despertar Elisabete de sua passividade.

- Quem é você?
- Tomaz Rossi, do IpLV.
- IpLV?
- Instituto para Liberdade Virtual, somos uma ONG.
- IpLV? - incrédula, Lisa precisou repetir a questão.
- Instituto para... - começou a repetir o homem antes de ser interrompido por uma Elisabete confusa e enfurecida.
- Aquele distintivo não significa nada?

O homem não respondeu, pareceu insultado pelas palavras de Elisabete.

- Por favor, vá embora - exigiu Elisabete, escoltando o homem até a porta.

Antes que pudesse fechar a porta e despedir-se do homem para sempre, uma pergunta a pegou de surpresa:

- A Senhora já foi contatada pela Comissão?

O mau pressentimento retornou. Tomaz leu sua expressão, deu-lhe as costas e aconselhou:

- Retire o implante e saia da cidade, Dançarina das Espadas.